quinta-feira, 3 de março de 2011

Pré-projeto de mestrado - orientações - Conversa com o professor (17): COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO: "EPISTOMOLOGIA DA ANÁLISE DO DISCURSO NO TURISMO", de Luzia Coriolano (Professora da Universidade Estadual do Ceará - UECE).

As instituições
caracterizam-se por discursos. O turismo tem
um discurso próprio. São os representantes dos governos, dos empresários e
das comunidades que o formulam. Produzem-se os discursos para o controle
da sociedade ou dos próprios sujeitos e como leciona Prof. Wanderley Geraldi (2003),
se há necessidade de controle, é porque há descontroles. (observe que, até aqui, a autora
não tocou na questão de propriedade).
Também se pode atribuir a necessidade do controle à emergência dos conflitos e à
vontade de dominação. (o discurso oficial, do governo federal, nos PCNs/Arte, fala em dominação, mas não toca na questão de propriedade. São categorias que não se confundem,
embora interconectadas. Esse tipo de discurso esconde a divisão social em classes de proprietários e não proprietários).
Identifica-se quem discursa, de onde, a qual instituição pertence o curso? Quais
os deslocamentos institucionais? Que resultados produzem? Que tese os discursos
defendem? Quais as contradições inseridas nos discursos, falas e ações? Que realidades
produzem? Os discursos não são únicos, embora algumas ideologias tentem aproximá-los.
Faz-se necessário identificar o que foi dito.  (Leandro, observe este procedimento metodológico,
em torno do "dito" e o "não dito", que oculta; isto é próprio da ideologia), e suas diferenças, as relações e interações dos discursos, em uma dada realidade social. As ideologias são discursos para esconder, mas propõe-se a ser um discurso para desvendar, compreender as lacunas, caso contrário,
cairia no positivismo.

Os lugares, o desenvolvimento regional e o turismo possuem significados, diretrizes, objetivos,
discursos e políticas variadas. Orlandi (2000, p. 16) lembra que os estudos discursivos visam pensar o sentido dimensionado no tempo e no espaço das práticas do homem, descentralizando a noção do sujeito, relativizando a autonomia do objeto da linguística. Não trabalha com a lingua fechada nela mesma, mas com o discurso que é um objeto sóciohistórico em que o linguístico intervém apenas como pressuposto.

Procurar compreender como o turismo (Leandro, se você substituir a palavra turismo por arte, você chega a reflexões interessantes, arte como mercadoria, como a produção da música sertaneja ao tecnobrega, e os discursos oficiais do PCNs/Arte, fundações culturais, secretarias e conselhos municipais da cultura, etc.etc.) produz significados e sentidos, como está investido de significância para os sujeitos. As atividades turísticas produzidas por governos, empresários e comunidade anfitriãs contêm mensagens a serem decodificadas e sentidos que os pesquisadores precisam aprender.
A análise do discurso propõe-se a construir escutas que permitam levar em conta esses efeitos e explicar a relação desse saber com a realidade, uma análise que não se aprende, não se ensina, mas que produz seus efeitos. "Essa nova prática de leitura - a discursiva consiste em considerar o que é dito em um discurso e o que é dito em outro, o que é dito de um modo e o que é dito de outro, procurando escutar o  não-dito (aqui o não-dito) naquilo que é dito, com ouma presença de uma ausência necessária" (ORLANDI, 2000, p. 34).




Nenhum comentário:

Postar um comentário