sábado, 28 de abril de 2012

Sociodiversidade, Multiculturalismo e Inclusão

 

Sociodiversidade:



Sociodiversidade é a posse de recursos sociais próprios, de modelos diferentes de autoridade
política, de acesso a terra ou de padrão habitacional, de hierarquias próprias de valores ou prestígio.



Além de ser um princípio disciplinar da antropologia, a sociodiversidade é um requisito
imprescindível para a reprodução das sociedades indígenas nos nichos espaciais e políticos a elas
reservados no panorama global, e, nesse sentido a reflexão sobre sociodiversidade precisa colocar
em discussão como essa sociodiversidade tem sido tematizada no movimento ambientalista e nas
políticas públicas, avaliando-se as implicações destas visões e destas políticas para a
sustentabilidade ambiental e para a continuidade sociocultural e qualidade de vida destas
populações.





Para entender a sociodiversidade brasileira é preciso refletir sobre o modo como os povos indígena
na América Tropical e Subtropical desenvolveram nas suas cosmologias - modos de objetivação da
natureza (outras formas de vida, animais, humanos, astros, etc.) e da sociedade - avaliando as
implicações desses modos de objetivação nas suas práticas de reprodução societária e ambiental,
aprofundado a nossa compreensão desses modos de identificação (Descola, 2000) e permitido uma
consciência mais profunda de nossos próprios regimes de objetivação e dos princípios diretores de
nossas próprias cosmologias. Com base nesse debate poderemos também aprofundar a
compreensão de nossa forma de conceber natureza e sociedade e suas implicações nas práticas
sociais.



Multiculturalismo:



Forma moderna de luta político-econômica que fomenta a miscigenação. Visando a massificação dos
indivíduos, retirando-lhes todas as suas referências e ligações culturais, este recente movimento
filosófico abre a porta à globalização quer econômica, defendida pelos liberais moderados, quer
cultural, defendida pelos revolucionários. Uns e outros, por motivos diferentes, vêem interesses no
desenraizamento humano. Contudo a experiência do multiculturalismo não é positiva, pois os
confrontos entre os diferentes grupos étnicos são freqüentes. Como conseqüência aumenta o
desespero, a infelicidade, a depressão e a criminalidade. O multiculturalismo mata a diferença e
provocará a extinção da riqueza tradicional como os costumes e os povos menos adaptados às
mudanças antinaturais.



a. Os limites do multiculturalismo

Para vários autores, o multiculturalismo aparece como um mal necessário. Discute-se muito como
aperfeiçoar o sistema, limitando seus efeitos perversos e melhorando a vida dos atores sociais. Em
alguns casos, o multiculturalismo provoca desprezo e indiferença, como acontece no Canadá entre
habitantes de língua francesa e os de língua inglesa. Nos EUA, esta militância só fez acentuar as
rivalidades étnicas. Ao denunciar seus adversários, tais políticas terminam por estigmatizá-los e
acabam, também, por dar uma dimensão étnica às relações sociais.
Sabemos que nem todos os membros das minorias são desfavorecidos e os que sabem aproveitar as
vantagens são raramente os mais desfavorecidos. Por outro lado, existem grupos da população
realmente desfavorecidos que não pertencem às minorias étnicas. Neste caso, todas as diferenças
podem ser defendidas? Sabemos que há o risco de opressão do grupo cultural sobre seus membros:
como proteger a minoria das outras minorias, os explorados dos excluídos? Por vezes, ocorre até
contrário, pois foi invocando a noção de Direito que os brancos de origem holandesa defenderam o
sistema do "apartheid". Muitos pensadores, entre eles Charles Taylor, autor de Multiculturalismo,
Diferença e Democracia, acreditam que toda a política identitária não deveria ultrapassar a liberdade
individual. Indivíduos, no seu entender, são únicos e não poderiam ser categorizados.




Inclusão:



A idéia de inclusão é uma manifestação social bastante contemporânea, que vem sendo defendida e
difundida entre os mais variados setores da sociedade.
Contudo, as evidências históricas demonstram que esse fenômeno surgiu e se desenvolveu
relacionado, principalmente, à causa da defesa da pessoa com deficiência.


Tal movimento teve início a partir da década de 80, mais precisamente em 1981, quando a
Organização das Nações Unidas – ONU, realizou o Ano Internacional das Pessoas Deficientes.


A Assembléia Geral da ONU, ocorrida em Dezembro de 1990, é um marco desse desenvolvimento,
pois, através da Resolução Nº. 45/91, que explicitou o modelo de Sociedade Inclusiva, também
denominada “Sociedade para Todos”, determina que esta deve ser estruturada para atender às
necessidades de cada cidadão, baseando-se no princípio de que todas as pessoas têm o mesmo
valor perante a sociedade (FERREIRA,1999).





A sociedade aberta às diferenças é aquela em que todos se sentem respeitados e reconhecidos nas
suas diferenças. O pluralismo respeita as diferenças e se constitui como eixo central de um processo
democrático. Saber respeitar as diferenças talvez seja a tarefa mais difícil da sociedade
contemporânea, pois a mesma sociedade é que homogeneíza a partir da construção de modelos préestabelecidos.
Sendo assim, Werneck (1997, p.21) afirma que “a sociedade para todos, consciente da diversidade
da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às
minorias, dos privilegiados aos marginalizados”.
Mantoan (2001, p.51) destaca ainda que “não lidar com as diferenças é não perceber a diversidade
que nos cerca nem os muitos aspectos em que somos diferentes uns dos outros e transmitir,
implícita ou explicitamente, que as diferenças devem ser ocultadas, tratadas à parte”.

O conceito de inclusão se expande à medida que não somente defende grupos de pessoas com
deficiência, mas também reivindica igualdade de direitos para todos os cidadãos que, por um motivo
qualquer, estejam excluídos de um ambiente social e dos serviços oferecidos pela sociedade.
Caminha, portanto, no sentido de uma “sociedade para todos” e do reconhecimento de que a
sociedade deve ser plural e aberta às diferenças.













3 comentários:

  1. Muito bom o assunto quase nunca discutido , pouco conhecido .

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  2. Respeitar as diferenças não fazer distinção entre uma pessoa e outra pode ser rico ou pobre , pode ser branco ou negro , pode ser católico ou evangélico , ou pode ser homossexual ou heterossexual.

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