sábado, 4 de agosto de 2012

A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda: Capítulo 02

Os Postulados da Economia Clássica

Neste capítulo Keynes apresenta a economia clássica do emprego (lembrando que para Keynes os neoclássicos marginalistas são tidos como clássicos também):

No primeiro postuladoO salário é igual ao produto marginal do trabalho (p.18). Veja o gráfico da teoria dos preços e compare abaixo com a idéia clássica do emprego:


Teoria Clássica do Emprego (Arthur Pigou - 1933) [foi quem sucedeu Marshall na cadeira de Economia Política]



Os Clássicos tiram sua teoria do emprego da teoria dos preços.


No segundo postulado: A utilidade do salário, quando se empregada determinado volume de trabalho, é igual a desutilidade marginal desse mesmo volume de emprego (p.18), a Oferta de mão de obra esta relacionada inversamente com a sua desutilidade, isto é, "qualquer motivo que induza um homem ou grupo de homens a recusar trabalho". (o famoso trade off  trabalho/lazer.)

Dessa forma, o salário deve compensar a perda do lazer: a utilidade do salário é igual a desutilidade marginal do trabalho (DMgT).


 Salário ≥  DMgT


Nota-se que a demanda de mão de obra depende do Valor do Produto Marginal do Trabalho (Preço x Produção de 1 trabalhador), isto é, a demanda acontece até o ponto onde o salário é igual ou menor ao PMgT.



Crítica de Keynes 

Segundo Keynes a teoria clássica do emprego é apenas uma abstração! Já que admite apenas os desempregos friccional e voluntário. (o pressuposto do pleno emprego não admite desemprego involuntário).

Os clássicos não analisam o desemprego involuntário (Keynes cita que o Professor Pigou admite o desemprego involuntário mas não usa em seu argumento para simplificação):


A escola clássica concilia este fenômeno com o seu segundo postulado,
argumentando que, se a procura de mão-de-obra ao salário nominal vigente
se acha satisfeita antes de estarem empregadas todas as pessoas desejosas
de trabalhar em troca dele, isso se deve a um acordo declarado ou tácito entre os
operários de não trabalharem por menos, e que, se todos eles admitissem uma redução dos
salários nominais, maior seria o volume de emprego atendido." (p.19)


Desse modo, os classicos colocam que embora tal desemprego seja aparentemente involuntário, deveria-se incluí-lo na categoria de desemprego "voluntário", em virtude dos efeitos dos contratos coletivos de trabalho, etc. 

Keynes coloca que este argumento não está claramente respaldado pelos fatos e que esta hipótese de "negociações" não é válida. As duas objeções levantadas são:


a) uma redução dos salários reais, devida a uma alta de preços, não acompanhada de uma elevação dos salários nominais, não determina, por via de regra, uma diminuição da oferta de mão de obra disponível à base do salário corrente;
b) Rigidez salarial ( salário nominal);

Para keynes, "existem empregados involuntários quando, no caso de uma ligeira elevação de preços dos bens de consumo dos assalariados relativamente aos salários nominais, tanto a oferta agregada de mão-de-obra disposta a trabalhar pelo salário nominal corrente quanto a procura agregada da mesma ao dito salário são maiores que o volume de emprego existente."




Salário Real e Salário Nominal 

No que tange aos salários, Keynes observa que o que importanta para o trabalhador é o salário nominal e o salário real relativo ao invés dos salários reais. E que, ambos variam iguais no caso de uma variação que afeta apenas um gênero de indústria mas, no caso do nível geral de salários, estes variam em sentido oposto:


                               "Isso se deve ao fato que, em um curto período, a baixa dos salários nominais e a elevação dos salários reais constituem, por motivos diferentes, fenômenos ligados à diminuição do emprego, pois, embora o trabalhador se mostre mais disposto a aceitar reduções do salário quando o emprego declina, os salários reais tendem, inevitavelmente, a crescer nas mesmas circunstâncias, em virtude do maior retorno marginal de determinado estoque de capital quando a produção diminui."




A lei dos mercados de Say

 À partir das fls. 25 Keynes no Cap. 2 Keynes lança dois grandes problemas doutrinários:

a) "A oferta cria a sua própria demanda" (1803 - Tratado de Economia Política)

b) Investimento = Poupança




"Como corolário desta mesma doutrina, julgou-se que qualquer ato individual de abstenção de consumir leva e equivale a um investimento na produção de riqueza sob a forma de capital resultante do trabalho e das mercadorias assim liberadas da necessidade de consumo" Keynes ilustra o ponto de vista tradicional com uma citação da obra Pure Theory of Domestic Values de Marshall. (especificamente a p. 34)


A crítica de Keynes é que o Investimento não é igual à Poupança e que, as familias podem poupar parte da poupança com outros objetivos que não seja o consumo próximo.





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