quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda: Capítulo 03

O Princípio da Demanda Efetiva


Sumariando  (p. 29-31), [...] os empresários esforçam-se para fixar o volume de emprego ao nível em que esperam maximizar a diferença entre receita e o custo dos fatores.

Se OA = ɸ(N) -> o preço da oferta agregada resultante do emprego de N homens - o que chamaremos de função da OFERTA AGREGADA (OA);
Se DA = f (N) -> o produto que os empresários esperam receber do emprego de N homens - o que chamaremos de função da DEMANDA AGREGADA (DA).

Dessa forma, se DA for superior a OA haverá um incentivo para aumentar o emprego acima de N.



DA ˃ OA ↑ N


Da mesma, se DA for inferior a OA haverá um incentivo para diminuir o emprego (N).


DA ˂ OA    N



Logo o EMPREGO é determinado pelo ponto de interseção da função da demanda agregada e da função da oferta agregada , pois é neste ponto que as expectativas de lucro dos empresários serão maximizadas.





(O gráfico demonstra, de antemão, a Propensão Marginal a Consumir - o que será melhor explicado nos outros capítulos)


DEFINIÇÃO DE DEMANDA EFETIVA


"Chamaremos de demanda efetiva o valor de  D no ponto de interseção da função
da demanda agregada com o da oferta agregada."

Segundo o próprio Keynes "esta é a essência da Teoria Geral do Emprego [...]" (p. 30)

Observe:

Demanda Agregada (DA): Possibilidade de demanda (desejo)
Demanda Efetiva (DE): o que se materializa e determina a produção que, por sua vez, determina o emprego.




                                                 CRÍTICA AO PENSAMENTO CLÁSSICO


O que determina o volume de emprego é a demanda efetiva e não a oferta e demanda de mão-de-obra.

Deste modo, pode existir desemprego involuntário se a demanda efetiva for insuficiente.



EXEMPLOS PRÁTICOS (Modelo Básico)

PIB 2009:    0,64 %
INFLAÇÃO 2009: ↑ 4,31%


  
. Se o PIB  ˃  4,3%     Desemprego
. Se o PIB  ˂ 4,3%      Desemprego

Obs: Coeteris Paribus (TECNOLOGIA E POPULAÇÃO, principalmente)


Exemplo 2

PIB 2010: ↑ 7,49 %
INFLAÇÃO 2010: ↑ 5,91 


. Se o PIB  ˃  7,5%  ->    Desemprego
. Se o PIB  ˂ 7,5%  ->     Desemprego

Obs: Coeteris Paribus (TECNOLOGIA E POPULAÇÃO, principalmente)



BREVE SUMÁRIO DA TEORIA DO EMPREGO QUE SERÁ DESENVOLVIDA

A teoria pode ser resumida nas seguintes proposições:

  1. Sob certas condições técnicas, de recursos e de custos, a Renda (monetária e real) depende do volume de emprego;
  2. A relação entre a Renda e o Consumo depende de características psicológicas da comunidade, o que chamaremos de PROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR (PMgC);
  3. O Emprego depende da soma de duas quantidades: a) o que se espera que seja gasto em Consumo (C); e b) o que se espera que seja aplicado em Investimento (I). Sendo DE o que chamamos de Demanda Efetiva. 
  4. Desde que C + I = Emprego = DA = OA, e segundo vimos em (2), C é uma função do Emprego que depende da PMgC, deduz-se que RENDA menos C é igual à I.
  5. Consequentemente, o EMPREGO depende da OA, da PMgC, e do I. 
  6. A cada volume de EMPREGO corresponde certa produtividade marginal da mão-de-obra e é isto que determinado o SALÁRIO REAL.
  7. A Teoria Clássica pressupõe o PLENO EMPREGO, sendo o Desemprego apenas friccional ou voluntário.
  8. A PMgC cresce a uma taxa decrescente em relaçao a Renda.


UM BREVE RESUMO

" Se a propensão a consumir e o montante de investimentos resultam em uma insuficiência da demanda efetiva, o nível real de emprego se reduzirá até ficar abaixo da oferta de mão-de-obra potencialmente disponível ao salário real em vigor, e o salário real de equilíbrio será superior à desutilidade marginal do nível de emprego de equilíbrio." (p. 33)



PARADOXO DA "POBREZA EM MEIO À ABUNDÂNCIA"

A simples existência de uma demanda efetiva insuficiente frequentemente paralisa o aumento do emprego antes d'ele ter alcançado o nível de pleno emprego. Essa insuficiência inibirá o processo de produção, a despeito de que o valor do produto marginal do trabalho continue superior à desutilidade marginal do emprego. (Isto é, indiferente que ainda há pessoas dispostas a trabalhar por salários menores).

Se a comunidade for rica a tendência é ampliar ainda mais a lacuna entre produção efetiva e a potencial. Portanto, mais óbvio e maléficos os defeitos do sistema econômico.

Uma comunidade pobre consumirá a maior parte da produção de modo que um investimento modesto será suficiente para garantir o pleno emprego.

A PMgC é menor nas comunidades ricas por isto esta terá que descobrir oportunidades mais amplas de investimento, para que possa conciliar a propensão para a poupança dos seus membros mais ricos com o emprego dos seus membros mais pobres.



 DIVERGÊNCIA ENTRE RICARDO E MALTHUS

Malthus opôs com veemência a doutrina de Ricardo (aceita de maneira tão completa que keynes a compara com a Inquisição aceita na Espanha) de que era impossível uma insuficiência de demanda efetiva, porém em vão. Não tendo conseguido explicar com clareza (a não ser por fatos da observação prática) deixou de fornecer uma estrutura capaz de substituir a tese que atacava.

O grande enigma da demanda efetiva com que Malthus havia lutado desapareceu da literatura econômica. Tendo apenas sobrevivido, furtivamente, nos subterrâneos do mundo de Marx, Gesell e do Major Douglas.




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